quarta-feira, 30 de março de 2011

Pergunte ao psicólogo


Email enviado por Juliana.

Boa tarde! Meu nome é Juliana, tenho 26 anos, sou casada e tenho um filho de 5 anos.

Em uma pesquisa da Internet, estava lendo sobre os transtornos de personalidade, e pelo que eu li sobre um deles o "Bordeline", posso dizer que tenho algumas coisas que se encaixam muito no que eu sinto.

Sou casada mais sou demais apegada ao meu marido, tenho a necessidade de saber ou ficar com ele 24 horas por dia, e quando ele se afasta por querer o próprio espaço eu sinto como se ele estivesse me rejeitando.

Não tenho um relacionamento muito bom com meu filho, muitas vezes não sei como ser mãe e pareço mais criança que ele.

Nunca me consegui sentir satisfeita em algum emprego que eu consegui, porque sempre encontro alguma coisa em que criticar e não me sentir valorizada, por isso não sinto um pingo de orgulho de quem eu sou, e do que eu tenho.

Tive alguns problemas familiares com meu pai e minha mãe, e por mais que eu me esforce não consigo lembrar nada da minha infância, já tentei olhar fotos ou conversar com algum familiar, mais não consigo ter nenhuma lembrança, só depois dos meus 15 anos mais ou menos.

Meu marido acha que eu tenho algum problema chegando muitas vezes a me chamar de louca, o que me deixa mais brava ainda, já cheguei a agredi-lo algumas vezes.

Gostaria de uma opinião uma ajuda.

Obrigada

Olá Juliana! Obrigado por participar deste espaço virtual que tem como um dos objetivos auxiliar o ser humano na construção de relações mais harmoniosas e assertivas. Aproveito para destacar que esta mensagem não deve ser compreendida como um diagnóstico psicológico e sim como a emissão de uma opinião diante de um fato apresentado.

Bem! Você nos dispõe diversas questões. Em primeiro lugar devemos destacar que uma relação conjugal deve apresentar alguns pilares; comunicação, silêncio e respeito. Apenas três palavras. Mas acredite, elas podem mudar de forma significativa nossas relações conjugais. Comumente diversos casais procuram uma terapia para polir ou adquirir as habilidades supracitadas.

Considero interessante destacar que não podemos confundir uma psicopatologia, ou seja, um transtorno de personalidade com comportamentos imaturos e pouco tolerantes. O primeiro refere-se a um conjunto de sinais e sintomas persistentes que acarretam uma perda social, afetiva, psíquicas e emocionais. Já o segundo pode ser caracterizado como um pobre ou pouco refinando processo de desenvolvimento na primeira infância podendo-se estender até a fase da adultez.

Juliana me chama a atenção o fato mencionado por você em relação a dificuldade de assumir seus papeis e funções sociais. Quero dizer que todos nós, adultos temos que desempenhar diversas atividades hora sendo profissional, pai, mãe, filhos, amigos dentre tantos outros. Aparentemente sua história de vida não pode ser considerada um conto de fadas. O sistema familiar do qual você é oriunda remete-nos a um sistema rígido, fechado para as relações internas e externas. É comum sistemas com estas características apresentarem pouco contato físico (abraço, carinhos e afagos). Estes comportamentos são de extrema importância para todo o desenvolvimento psíquico o que englobaria nossa autoestima, tolerância à frustração, capacidade de assertividade, auto-motivação, sociabilidade, empatia dentre tantos outros. Portanto, Juliana será que você não estaria ofertando a seu filho os mesmos ou poucos estímulos ofertados a você em sua infância?

Devo lembrá-la que ninguém pode escolher a função de filho, ou seja, ninguém pede para nascer. Todavia, todos nós podemos escolher o momento de ocupar a função paterna ou materna. Assustou-me quando você afirmou que em alguns momentos está se comportando de forma mais pueril que seu filho. Não será por esta razão que seu casamento esteja passando por algumas tribulações? Imagino que seu marido esteja interessado ao chegar em casa e encontrar uma família, ou seja, um filho com quem deseja brincar e amar e uma mulher com quem deseja amar e também “brincar”.

Juliana o casal sadio cria um momento para que cada um desenvolva atividades que proporcionem um bem estar seja através da prática de esportes, artesanato ou até mesmo por meu uma ação intelectualizada como leitura de livros ou estudos. O sentimento de amor não deve ser confundido com a sensação de posse ou também famoso e conhecido ciúmes. O tempero amargo das relações humanas. Assim como o excesso de sal prejudica todo os funcionamento fisiológico do nosso corpo o ciúme destrói todos os pilares de um relacionamento. Quem consegue conviver com alguém que nunca confia no que você diz?

Portanto, Juliana acredito ser interessante você buscar o auxílio de um profissional da Psicologia para auxiliá-la neste processo de construção e amadurecimento. Aproveito para destacar aqui o processo de orientação mediado por computador ofertado por este espaço. Nascemos com uma carga genética e desenvolvemos da maneira como nos é ensinada nossa vida psicológica. Todavia, todo ser humano é capaz de mudanças. Mas só é capaz de mudar Juliana quem se dispõe a dançar.

Por fim, destaco que não fui capaz permear todas as questões por você apresentadas. Destaquei, porém, as que considerei mais oportunas para seu momento vivencial.

Desejo-lhe um caminho de sucesso e lembre-se: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

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