quarta-feira, 14 de abril de 2010

Violência contra a mulher e suas conseqüências psicológicas

Desde 1991, a violência contra a mulher é reconhecida pela Organização Pan-Americana de Saúde - OPS - como causa de adoecimento das mulheres, sendo considerada uma questão de saúde pública (Camargo, 2000).
A violência contra a mulher também é referida como violência doméstica, familiar, sexual, psicológica, física, dentre outras classificações. Estas se relacionam ou estão contidas umas nas outras, entretanto, pode-se considerar que a condição de ser mulher, construída socialmente, determina aspectos de vulnerabilidade a um tipo específico de violência: violência contra a mulher. Esta se caracteriza por ser uma violência cometida por um homem contra uma mulher, sendo determinada pelos modelos culturais do que é ser homem, do que é ser mulher e de qual a função da violência nas relações interpessoais e de poder. Essa condição de gênero determina a existência desse tipo de violência, mais freqüentemente, no espaço socialmente estabelecido para as mulheres: o espaço privado, a família, o domicílio. Nesse caso, o agressor deixa de ser um estranho e passa a ser alguém com quem a mulher tem alguma ligação afetiva: parceiro, pai, padrasto ou outro familiar (Giffin, 1994), sendo que parceiros ou ex-parceiros são os autores da violência em aproximadamente 70% das denúncias registradas nas Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) (D'Oliveira e Schraiber, 2000).
De acordo com dados retirados do site JusBrasil Notícias o Brasil apresenta mais de 150.000 (cento e cinqüenta mil) processos tramitando nas varas especializadas em Violência Doméstica e Familiar. Esses dados comprovam esta triste realidade mundial.
Diante deste grande problema considerado de saúde pública destacaremos aqui, as conseqüências psicológicas que estas vítimas podem apresentar a curto ou longo prazo. Entretanto, como ressaltado por Soares(1999), as conseqüências supracitadas podem ser oriundas da violência física que consiste em bater, empurrar, atirar objetos usar ou ameaçar usar arma de fogo ou branca, da violência psíquica caracterizada pelo comportamento de ameaçar, culpar, intimidar, humilhar, provocar confusão mental ou culpar, coagir, provocar isolamento social dentre outros e por fim, da violência sexual que estaria pautada em forçar o ato sexual ou a prática atos sexuais que agradam ao agressor como olhar material pornográfico ou manter relações sexuais com outras pessoas.
Após sofrer as violências aqui descritas as mulheres podem apresentar como conseqüências psicológicas diversos sinais ou sintomas como, por exemplo; estresse pós-traumático, destruição da auto-estima, apatia, depressão, ansiedade, distúrbios sexuais, distúrbios do sono, pânico, abuso na ingestão de substâncias, ansiedade generalizada, fobia, comportamento antisocial dentre outras.
Os efeitos causados pela agressão podem ser devastadores e devem ser analisados em uma esfera macro uma vez que não só as mulheres agredidas sofrem. Devemos também nos preocupar como as famílias, os filhos ou sua rede social (trabalho, amigos dentre outros). Ao escrever sobre o tema, percebi a dificuldade ainda enfrentada pelo Poder Público na estruturação de um serviço eficaz e eficiente para combater esta triste realidade. Por este e outros motivos destaco a importância das mulheres em denunciar seus agressores. Sem sombra de dúvidas, há um preço a ser pago diante desta decisão. Entretanto, o ato de não denunciar não há exime de pagar nada.



CAMARGO, M. Violência e Saúde: Ampliando Políticas Públicas. Jornal da Rede Saúde, n. 22. São Paulo, 2000, pp. 6-8.
D'OLIVEIRA, A. F.; SCHRAIBER, L. B. Violência Doméstica como Problema para a Saúde Pública: Capacitação dos Profissionais e Estabelecimento de Redes Intersetoriais de Reconhecimento, Acolhimento e Resposta ao Problema. Trabalho apresentado no VI Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Salvador, Brasil, set. 2000.Anais. CD-rom.
GIFFIN, K. Violência de Gênero, Sexualidade e Saúde. Cadernos de Saúde Pública, n. 10. Rio de Janeiro, 1994, pp. 146-155.
SOARES, Bárbara Masumeci. Mulheres Invisíveis – violência conjugal e novas políticas de segurança. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu amigo passei para conhecer seu blog ele é espetacualar, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu HIper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha

Anônimo disse...

Homens que bate em mulher quem que ser punido.

Anônimo disse...

Quando criança, entre 7 e 12 anos, sofri abuso sexual de 3 parentes próximos que não levantavam qualquer suspeita na família. Quando iniciei minha vida sexual aos 18 anos pude ver claramente as consequências. As primeiras relações com um parceiro sempre eram traumáticas e me levam a uma crise de choro. Fico envergonhada mas a medida que crio mais intimidade e confiança na pessoa consigo ter relações sem problemas. Ocorreu que fiquei 2 anos casada e me separei há pouco tempo, uma separação tranquila que permitiu continuarmos sendo amigos. Este feriado ele teve um acesso de (denominado por mim) loucura e me agrediu verbalmente, me arrastou, empurrou, apertou meus braços e ameaçou me atirar uma pedra que se me acertasse me mataria com certeza, foi horrível, não posso acreditar que vivi tanto tempo com alguém que poderia ter me matado. Estou com medo, muito medo, decepcionada e fico imaginando que muitas passaram por coisas bem piores. Como se sentem estas mulheres?!?! Espero que consiga superar e isso não reflita na questão sexual...

Anônimo disse...

achei muito interresante e muito importante sabe disso tudo

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