terça-feira, 25 de maio de 2010

A moda das pulseirinhas do sexo

Recentemente assisti a uma reportagem no Jornal da Record e me deparei com uma cena assustadora. A repórter relatava um estupro que acontecera com uma adolescente de 13 anos que estava a passeio na cidade de São Paulo. O agressor era um jovem estudante, paulista de 21 anos. A reportagem dizia que o estupro acorrera devido o jovem ter arrebentado uma das pulseiras da adolescente. Mas aí podemos perguntar: o que tem uma pulseira haver com uma agressão sexual? Atualmente, tudo, pelo menos para quem está inserido na moda das chamadas pulseiras do sexo. Todos já devem ter visto diversos adolescentes ou jovens com aquelas pulseiras confeccionadas de silicone em um quando não nos dois braços. Moda? Não exatamente! Atualmente este acessório deixou de ser apenas mais um dos itens que compõem o estilo da juventude. Hoje, as mesmas estão mais inseridas em um jogo de teor sexual. As pulseiras são vendidas por um valor irrisório apresentando diversas cores. Cada cor representa um favor sexual. Funciona assim; o rapaz que arrebentar a pulseira da garota tem direito de receber o favor sexual referente a cor da pulseira danificada. A garota que se negar a “pagar” o referido “favor” pode ser forçada a fazê-lo. Fora isto que acontecera com a adolescente mencionada no começo de nosso texto.
Bem! Meu intuito aqui está pautado em destacar dois pontos; o desejo dos adolescentes em estarem inseridos dentro de um grupo aqui, através da moda bem como a necessidade dos pais e/ou responsáveis em buscar compreender a forma como seus filhos se comportam e o que motiva tal comportamento.
Assim, devemos destacar que todo adolescente apresenta o desejo de ser aceito, reconhecido por determinado grupo. Como já mencionamos em outro texto o período da adolescência é caracterizado pela ampliação do seu grupo social. Aqui, meninos e meninas se desprendem de sua família e começam a construir novos vínculos afetivos, se desprendendo de seu primeiro modelo de grupo, ou seja, sua família. Ressalto que esta transição não deve ser vivenciada de forma árdua ou dolorosa, mas sim, como um processo de crescimento e mudança. E por falar nisso, existe mudança sem alguma forma de incômodo? Com certeza não. Por isso, meu interesse em buscar esta reflexão junto com os pais ou responsáveis. Comumente encontro pais buscando orientação sobre como agir com seus filhos adolescentes. E um fator me chama muito a atenção; a falta ou dificuldade em dialogar com os filhos. E este ponto é o outro mencionado por mim no começo desta tag. Quando falamos em diálogo as pessoas logo imaginam duas pessoas falando sobre um determinado assunto. Entretanto, ao analisarmos mais refinadamente a forma como os pais e seus filhos adolescentes se comunica verificamos que grande parte do conteúdo sobre as conversas estão pautadas nas cobranças dos pais para com os filhos, ou seja, “Já arrumou seu quarto? Desliga este computador. Arruma seu guarda-roupa. Vai dormir. Ainda está no celular? Tem mais gente para usar o banheiro”. Assim, percebemos que o “mando” é uma das formas mais presentes e persistentes no diálogo entre pais e filhos. Porém, quando existe muito “mando” a comunicação vai perdendo sua eficiência, pois os filhos anulam os conteúdos emitidos pelos pais ocorrendo assim uma falsa comunicação, ou seja, nas palavras dos pais o famoso “finge que me ouve”. Portanto, os pais e/ou responsáveis devem ampliar ou modificar o conteúdo emitido. Vários são os assuntos que podem permear a comunicação entre os entes, ou seja, questionar sobre os interesses dos filhos como; música, filmes, rede de amigos, namorados, drogas, religião, planos para o futuro dentre outros. Os pais presentes e interessados em proporcionar um ambiente mais harmonioso para o desenvolvimento de seus filhos buscam de forma inteligente e discreta visualizar o ambiente e a forma como seus filhos vêm se comportando. Desta forma, os filhos não percebem seus genitores como agentes invasivos ou ameaçadores para seus planos ou desejos.
Portanto, buscar ou propiciar nos tempos de hoje uma manutenção na relação entre pais e filhos está sendo uma tarefa cada vez mais difícil por diversos fatores como, por exemplo; ampliada jornada de trabalho dos genitores, avanços tecnológicos que por vezes aproxima os filhos de um universo imenso e distancia os pais pelo fato dos mesmos não conseguirem ou não apresentarem interesse em acompanhar a tecnologia ou pelo simples fato dos pais estarem extremamente exaustos ao chegaram de seu ofício. Entretanto, o “trabalho” de pai e mãe não oferece férias, plano de saúde ou jornada reduzida de trabalho. Portanto, quando mais cedo e rápido os pais começarem a construir uma relação mais próxima e sadia com seus filhos possivelmente menos problemas nos futuros serão enfrentados e caso os mesmos ocorram mais facilmente serão resolvidos.

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