segunda-feira, 24 de maio de 2010

Adolescência; um fator cultural


Costumamos entender por adolescência a etapa que se estende dos 12-13 anos até aproximadamente o final da segunda década da vida. Trata-se de uma etapa de transição, na qual não se é mais criança, mas ainda não se tem o status de adulto. Este período fora definido por Erikson (1968) como “moratória social”, ou seja, um momento de espera que a sociedade oferece a seus membros jovens, enquanto se preparam para exercer os papéis adultos.
Todavia, a adolescência, tal como a conhecemos no Ocidente, no final do século XX, é até certo ponto, um produto de nosso século. Muitos rapazes e moças ocidentais, que consideramos adolescentes, podem ser caracterizados por ainda estar nos sistema escolar, em algum outro contexto de aprendizagem profissional ou em busca de um emprego estável; por ainda dependerem de seus pais e morando com eles, por estarem realizando a transição de um apego centrado em parte na família, para um sistema de apego centrado no grupo de iguais, para um sistema de apego centrado em uma pessoa do sexo oposto, por sentirem-se membros de uma cultura de idade (cultura adolescente), que se caracteriza por ter sua própria moda e hábitos, seu estilo de vida próprio bem como seus valores, por ter preocupações e inquietudes que não são mais de infância, mas que ainda não são de adultos. Estas são algumas marcas dos adolescentes do ocidente que conhecemos.
Assim, ao falarmos de Adolescência temos que buscar compreendê-la enquanto um fator cultural e não biológico, apesar de ambos estarem interligados. É importante destacar estes dois fatores uma vez que as mudanças fisiológicas que ocorrem neste período do desenvolvimento, denominado puberdade, ocorrem em todo ser humano, sendo um fator universal. Entretanto, a adolescência não segue este mesmo padrão. Em algumas comunidades mais primitivas não existe este momento de transição. Assim que os corpos dos indivíduos começam a sofrer alterações os mesmos são inseridos nos papéis adultos assumindo assim, todas as responsabilidades como trabalho, matrimônio, função paterna, materna dentre outros.
Um dos fatores históricos que demarcam bem essa mudança de paradigma, demarcando a adolescência no Ocidente, fora a Revolução Industrial. Começou com Industrialização a se tornar importante a capacitação, a formação, o estudo. Embora os filhos dos operários continuassem se incorporando ao mundo do trabalho em idades muito precoces os filhos das classes média e alta tenderam a permanecer nas escolas, que aumentaram em número desenvolvendo programas específicos e mais elaborados. Mais adiantem os filhos os operários também passaram a adotar o mesmo estilo de vida.
Sendo assim, em nossa cultura ocidental, a incorporação dos adolescentes ao status de adultos retardou-se notavelmente, formando-se, em conseqüência, um novo grupo que como mencionado anteriormente elabora seus próprios hábitos e maneiras e que enfrenta dificuldades peculiares.

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