domingo, 5 de maio de 2013

Saúde mental; um direito de todos


    
A ideia da saúde mental como a conhecemos no passado, chegou a um beco sem saída. Ao debruçar-se mais nos aspetos dos transtornos, focando a sua atenção nas incapacidades e disfunções das pessoas, tornou-se excessivamente hermética no modelo da doença mental e não propriamente numa abordagem focada na promoção da saúde mental. Na atualidade, este antigo modelo não adiciona muita coisa na vida das pessoas.

Da velha a nova forma de saúde psicológica
Felizmente tem vindo a surgir na psicologia positiva uma nova forma de olhar a saúde mental, exatamente pelo prisma principal que é focar muito mais a atenção nos mecanismos do bem-estar, superação e florescimento do que propriamente nos mecanismos da perturbação.
A saúde psicológica está a ser repensada para o bem de todos nós. Existe agora a possibilidade de interpretar, implementar e alinhar emoções, pensamentos, atitudes, valores e comportamentos por uma perspectiva positiva.
De acordo com este novo paradigma de mudanças bruscas na sociedade que abalam o equilíbrio emocional a espaços curtos, também o velho conceito de psicoterapia e/ou consulta psicológica deixou de ser um modelo adequado para ajudar as pessoas a lidarem com os problemas do dia-a-dia. O modelo antigo baseado no processo alterou-se por necessidades impostas da dinâmica da vida atual para um modelo consultivo orientado para os resultados. O modelo antigo orientava-se muito mais para o problema específico da pessoa não dando relevância ao enquadramento da vida da pessoa e ao fornecimento de ferramentas promotoras de saúde psicológica.
Os desafios psicológicos incluem uma mistura de questões sociais, econômicas e políticas que afetam a nós mesmos, aos outros e o nosso futuro coletivo. O campo da saúde mental está muito preso dentro de uma mentalidade do século XX, que assumia uma relativa estabilidade e mudança previsível na sociedade em geral e na vida pessoal em particular. Mas, como eu descrevo abaixo, o mundo de hoje está em constante alteração, com rápidas mudanças tecnológicas e interligação global. Esta mudança tem empurrado a vida das pessoas e as expectativas de futuro para um turbilhão de decisões constantes. Despertou medos contínuos e fez com que as velhas formas de lidar com as mudanças e conflitos ficassem ineficazes.
Além disso, apesar da prevalência da psicoterapia e medicamentos psiquiátricos, os conflitos emocionais continuam a permear a nossa sociedade. Perturbações psicológicas como a ansiedade e depressão tem vindo a aumentar entre as pessoas “funcionais”. Ou seja, quer dizer que uma pessoa funcional, “sem doença mental” tal como poderia ser diagnosticada no antigo modelo, sofre hoje de estados ansiosos e deprimidos. Relacionamentos fracassados​​, casos de divórcio são uma constante, apesar da prevalência de terapia de casais e de programas “salvadores de relacionamentos”. Egoísmo desenfreado, narcisismo e mentalidades “fechadas”  influenciam negativamente as vidas pessoais e as políticas públicas.
Pesquisas tem trazido esclarecimento sobre o papel dos medicamentos e do poder de placebos para a ansiedade e depressão, revelando uma ausência de provas da eficácia da grande maioria desses medicamentos, ou pior, que podem alterar o cérebro de maneira prejudicial. Por exemplo, novos estudos têm vindo a desacreditar a velha teoria do desequilíbrio químico como a “causa” da depressão. Outros mostram que o efeito placebo de medicamentos é muito mais profunda do que se pensava anteriormente. Proeminentes investigadores estão agora criticando o uso excessivo e mau uso de medicamentos psiquiátricos em geral, e como eles podem afetar o cérebro, a longo prazo.

O IMPACTO PSICOLÓGICO DO MUNDO DE HOJE
Há um novo ambiente mundial em que os profissionais de saúde mental têm de conseguir reconhecer e levar em consideração: as rápidas transformações que todos sentimos no nosso dia-a-dia. Existe uma turbulência constante e altamente interconectada entre todos os povos do planeta e, cada vez mais fica clara esta nova realidade que se apresenta a todos nós como a nova “normalidade”. A antiga visão da saúde psicológica nem sequer reconhece o impacto dos atuais desafios, muito menos fornece uma visão de saúde psicológica no contexto deste “novo normal”. O antigo modelo continua preso às premissas de um pensamento em torno de uma “normalidade estável” e está desajustado a esta nova realidade que nos empurra a implementar uma nova mentalidade baseada agora numa “normalidade temporária”
Ironicamente, grande parte do mundo dos negócios está mais em sintonia com as novas realidades e do impacto que têm nas organizações, na noção de liderança e na carreira das pessoas. Esta perspectiva oferece uma imagem melhor acerca do que consiste a saúde psicológica, hoje, e daquilo que a ajuda a construir. O mundo empresarial de hoje tornou-se num ambiente de caos, incerteza e perturbação em progresso. Tudo isto leva a que o ritmo de interrupção aumente, especialmente com a adoção da mobilização social global, redes sociais móveis e de outras novas tecnologias. O modelo que irá definir a próxima época é incerto. Este novo modelo de vida e consequentemente de saúde psicológica será marcado por mais fluidez do que por qualquer novo paradigma estabelecido. O padrão que se reconhece em tudo isto, é que não há um padrão. O insight mais valioso é que estamos a caminhar num sentido crítico, num momento de transformação constante que deita por terra as velhas formas de adequação à vida e ao equilíbrio emocional.


0 comentários:

Postar um comentário