segunda-feira, 25 de junho de 2012

Depressão: Tratamento psicofarmacológico ou terapia?


Na atualidade os antidepressivos são os medicamentos mais comumente prescritos, nos Estados Unidos 1 em cada 10 adultos tomam. Em Portugal a venda de antidepressivos nos últimos dez anos teve um aumento de 110%, segundo o relatório do INFARMED, e no Brasil em cinco anos a venda de antidepressivos  subiu 48%. Segundo especialistas, o aumento nas vendas desse tipo de medicamento deve-se à prescrição exagerada da “pílula da felicidade”, tanto por médicos de outras áreas quanto para pacientes sem depressão. As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os próximos 20 anos não são das mais animadoras. Segundo levantamento da instituição, a depressão será, em 2020, a segunda “doença” mais prevalente do mundo.
Para as pessoas que sofrem de depressão clínica grave, estes novos fármacos têm sido uma dádiva de Deus. Para todos os outros, a imagem não é tão clara. Curiosamente, a grande maioria das pessoas que tomam antidepressivos não têm depressão profunda. Em vez disso, essas pessoas podem sofrer de ansiedade leve, angústia, humor diminuído, stress elevado, reclamando que “simplesmente não estão felizes”, sentem-se em baixo, têm um senso de culpa ou descontentamento, ou qualquer uma das centenas de outras formas de mal-estar a que podemos chamar de período de aflição.
Com a nova classe de antidepressivos chamados inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), que geralmente são pouco aditivos e têm um perfil baixo de efeito secundários, muitos médicos de cuidados primários bem intencionados sentem-se confortáveis a prescrever antidepressivos aos  seus pacientes quando estes “precisam de algo” para diminuir a sua tristeza e abatimento.  E, para mim este ato tão bem intencionado, tem muito mais de prejudicial do que de benéfico.
Sou apologista que a grande maioria das queixas de mal-estar psicológico, especialmente as que provocam disfuncionalidade no local de trabalho e nas relações intimas e sociais, necessitassem de uma abordagem conjunta entre a prescrição de medicamentos e o acompanhamento com terapia psicológica.
Na depressão grave, numa primeira fase pode ser necessário que a pessoa com depressão seja medicada com antidepressivos no sentido de reverter os sintomas físicos desagradáveis e incapacitantes. No entanto, dado que a depressão é um transtorno de humor que se relaciona com os acontecimentos da vida e com a forma como a pessoa enfrenta os seus problemas, será que a toma de antidepressivos pode ser considerado uma solução para o bem-estar e felicidade geral? Admito que não!
Muitas formas de psicoterapia diferem das abordagens que incidem exclusivamente nos medicamentos, debruçando-se sobre as causas em vez dos sintomas. Muitas terapias ensinam as pessoas deprimidas ou ansiosas novas habilidades, novas estratégias de lidar com as situações indutoras dos problemas, reestruturação de pensamentos e crenças sobre si, sobre o mundo ao seu redor, e sobre o seu futuro, que pode levar a novos padrões de comportamento. Embora não seja uma panaceia, a psicoterapia pode fornecer estratégias e métodos para mudar o pensamento das pessoas, estratégias de lidar com as situações do dia-a-dia e técnicas de redução dos sintomas físicos desagradáveis, produzindo benefícios duradouros.
Se for ensinado às pessoas deprimidas técnicas de relaxamento e competências de assertividade apropriadas, se melhorarem a sua capacidade de comunicação, e mostrar-lhes como evitar distroções negativas da realidade, certamente o seu mal-estar irá melhorar, assim como o abatimento e a desesperança.
Fato: Não há pílula que possa ensinar essas habilidades.
Mudanças de estilo de vida relativamente simples também podem fazer uma diferença significativa. Por exemplo, num estudo realizado na Duke University, um grupo de pacientes receberam um programa de trinta minutos de exercício físico três vezes por semana, que se mostrou “tão eficaz quanto o tratamento medicamentoso no alívio dos sintomas de depressão maior” numa questão de poucos dias.

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